Crédito habitação 100% financiado: porque é que os bancos já não o concedem
Para quem pretende comprar casa, conseguir que o banco empreste 100% do valor da casa é - quase! - um objetivo de vida. Nem sempre as pessoas têm dinheiro disponível para pagar a entrada de uma casa, sendo um crédito habitação 100 % financiado uma excelente forma de contornar essa situação.
Contudo, hoje em dia, a crescente subida do preço das casas tem como consequência a subida do preço das suas rendas. Muitas vezes, as rendas passam quase para o dobro, no momento da renovação do contrato.
O facto de as rendas estarem cada vez menos acessíveis, principalmente nas grandes cidades, faz com que as pessoas voltem a considerar a hipótese da compra de casa.
Mas, infelizmente, o preço das casas está igualmente alto. No entanto, o crescimento da economia e as melhores condições nas taxas de crédito habitação fazem com que o pedido de crédito volte a estar na ordem do dia.
Além do mais, o valor da prestação ao banco será inferior ao preço de uma renda, e comprar uma casa é sempre um investimento.
Mas, será uma realidade para a grande maioria das famílias conseguir um crédito habitação 100% financiado pelo banco?
Crédito habitação 100: A mudança de paradigma por parte dos bancos
O Banco de Portugal decidiu, há alguns meses, fazer algumas limitações no que diz respeito à concessão de novos créditos.
Assim, no dia 1 de julho de 2018, entrou em vigor uma lei que define que a relação entre o valor emprestado pelas instituições financeiras e o valor da avaliação do imóvel (ou seja, o LTV - loan to value) deve ser igual ou inferior a 90%.
Portanto, de forma simples e bastante resumida, nenhum banco poderá financiar a compra de um imóvel em mais de 90%.
E qual o motivo para o Banco de Portugal tomar esta decisão?
O motivo é bastante simples! Nos últimos anos, Portugal passou por uma crise financeira, o que fez com que as instituições se tenham acautelado um pouco mais no que diz respeito à concessão de crédito.
O risco de emprestar dinheiro aumentou, e houve a necessidade de tomar medidas para fazer frente a essa situação.
Atualmente, a situação está melhor, e os bancos estão novamente a conceder mais créditos para compra de casa. No entanto, as instituições preferem manter o risco mais baixo, incentivando à poupança dos portugueses.
Apesar de a lei definir um valor de empréstimo igual ou inferior a 90%, a maior parte dos bancos empresta, regra geral, cerca de 80% a 85% do valor da avaliação do imóvel.
Claro que vai depender do próprio banco decidir qual o valor que empresta (e das garantias que você apresenta enquanto cliente bancário).
E quem não tem o valor de entrada?
Já que os bancos não concedem, por norma, um crédito habitação 100%, a maior parte das pessoas procura uma forma alternativa para dar a volta à situação.
Assim, dado que nem todas as pessoas têm uma poupança suficiente para garantir a entrada de uma casa, há quem opte por fazer um crédito pessoal, relativamente ao valor da entrada.
Ou seja, irá contrair dois empréstimos. É uma medida válida mas deve ser bem ponderada, pois o orçamento mensal terá que suportar a prestação destes dois créditos.
E, contrariamente ao que acontece com as taxas de juro de um crédito habitação, as de um crédito pessoal não são nada meigas!
É importante frisar que existe uma única exceção a esta medida, que impede os bancos de emprestarem 100% do valor: se comprar uma casa ao banco.
Estes imóveis, que (na maior parte dos casos) foram tomados pelo banco, devido a falta de pagamento, podem ser a única alternativa para conseguir um crédito habitação 100%.
Mas, mesmo assim, nestes casos é preciso agir de forma ponderada uma vez que a maior parte das casas vai precisar de obras antes de ser habitada.
Agora que já sabe porque é que os bancos não concedem crédito habitação a 100%, está na hora de começar a colocar dinheiro de parte se quer comprar a sua casa!